sábado, 17 de novembro de 2012

Praticando o Zazen

0 budas disseram algo

Pequena casinha onde funciona o Centro Zen
de Campina Grande, tradição Soto
Muitos dos meus leitores e amigos já devem ter lido ou ouvido de mim que pratico o Zazen, para os quais quase nada elucidei para sanar as dúvidas. Alguns, mesmo dentre os que se dizem Budistas, sentem dificuldade de entender esse termo. Porém, vamos lá.

O Zazen é apenas o ato de sentar-se e não pensar em nada. No Zazen, o praticante não reza para ninguém, não pronuncia nenhuma palavra, nenhum mantra, não sai do corpo, não entra em transe, não faz nada daquelas coisas que as pessoas estão habituadas a ouvir sobre a meditação. Trata-se de apenas sentar, e nada mais que isso. E quando digo "nada mais que isso", é nada mais mesmo: sem pensamentos, sem memórias, sem preocupações, sem imaginação, só sentar-se e concentrar-se no agora, naquilo que se está fazendo. A coisa mais difícil de conseguir na mente humana é a ausência de pensamentos. Mais difícil ainda é concentrar-se no agora. O momento "agora" é sempre preenchido de outras coisas e atividades que não competem ao agora. Por isso, vão abaixo dicas para os que se interessem ou busquem um meio de entender a prática do Zazen.


terça-feira, 22 de maio de 2012

Simplificando o Budismo para Leigos

2 budas disseram algo
Muitos podem me perguntar o que é o Budismo. Em resumo, são 4 verdades, 8 caminhos, 3 jóias, 5 agregados e a aplicação de tudo isso cotidianamente. Mais que isso, é especificidade e cada escola budista, menos que isso, é outra coisa, mas não é Budismo.

Quatro (Nobres) Verdades:
1. A Natureza do Sofrimento (Dukkha): explica que o sofrimento é um estado de insatisfatoriedade com o mundo.
2. Origem do Sofrimento (Samudaya): explica que o sofrimento surge do desejo (ou da sede, insaciável).
3. Cessação do Sofrimento (Nirodha): o sofrimento pode ser eliminado.
4. O Caminho (Magga) para a Cessação do Sofrimento: há um meio pelo qual o sofrimento pode ser eliminado, que são os Oito Caminhos da Coerência propostos por Sidarta Gautama.

Os Oito Caminhos (da Coerência): não são obrigações, nem leis, mais "preceitos", caminhos que podem ser seguidos porque os mestres do passado atestaram sua maior eficiência, mas não significa que sejam os únicos caminhos.
1. Compreensão Coerente: as Quatro (Nobres) Verdades representam as coisas como elas realmente são para os seres sencientes,
2. Pensamento Coerente: o praticante deve desenvolver as qualidades da bondade, evitando a má vontade com os outros e evitando o desejo pelo prejuízo,
3. Fala Coerente: não mentir, não falar em vão, não usar palavras caluniosas, falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora,
4. Ação Coerente:  o praticante deve promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas moralistas ou pela imposição de uma moral,
5. Meio de vida Coerente: o praticante deve compreender e respeitar o próprio corpo, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade, e na prática do dia-a-dia, praticar a generosidade, a ética, a paz, o esforço, a concentração e a sabedoria. Isso inclui também escolher uma profissão que não esteja em desacordo com os princípios,
6. Esforço Coerente: deve-se praticar autodisciplina (meditação, trabalho, rotina etc.)para obter a quietude e atenção da mente, de maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos,
7. Atenção Coerente: o praticante deve desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, da fala e da mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas,
8. Concentração Coerente: a partir da concentração, a mente entra em estado contemplativo e em seguida vem o Nirvana (= Estado de Libertação do Sofrimento).

As Três Jóias: o praticante, porém, pode não ter a obrigação, mas esse caminho óctuplo fica muito mais fácil se nos "refugiamos" (= associamos) a pelo menos três coisas.
1. O Buda: é ao mesmo tempo a figura histórica do Sakyamuni e a natureza de Buda que existe em cada um de nós, pronta para ser "acessada" pela Iluminação,
2. O Darma: são os ensinamentos de Sakyamuni, apresentados no Darmapada, e a aplicação diária desses ensinamentos,
3. A Sanga: é a comunidade budista, podendo ser uma Sanga Oficial, um templo, um grupo de reuniões e estudos, pois cada membro incentiva os demais a continuar sua própria busca.

Os Cinco Agregados: o Eu, do qual precisamos todos nos libertar, é formado por 5 agregados (5 conjuntos de elementos que se unem em um corpo difuso).
1. Forma material (rupa): toda matéria, o corpo e os demais objetos tangíveis são ilusórios;
2. Forma Sensitiva (vedana): o que recebemos do mundo pelos sentidos e pelos sentimentos é ilusório;
3. Forma Perceptiva (samjna): o que se produz da interação entre sentidos / sentimentos e o mundo é ilusório.
4. Forma Volitiva (samskara): ideias, formas de pensamento, vontade (boa, má ou neutra) que resulta em carma, concepções e ideias fixas e duais são ilusórias.
5. Forma Consciente (vijnana): é a soma de todos os 4 agregados anteriores, e é igualmente ilusório.

O Budismo, porém, apresenta um adicional. Ao entender e estudar tudo acima, sem pôr em prática, você se torna apenas um interessado, alguém que gosta das ideias, um erudito. Não adianta praticar seis horas de Zazen se, diante de uma greve de hospital que prejudica os pacientes e mata pessoas, você não lutar pelos mais precisam naquele momento. De nada adianta entender as Três Jóias e na saída do prédio ser chato e gritar com o porteiro. Muito menos adianta compreender a Ação Coerente e, no fim, maltratar um mendigo. O Budismo exige ação. Se você se diz budista e não põe nada disso em prática, você está enganando a si mesmo. Se você põe em prática, mesmo que nunca diga que é budista, estará realmente praticando o Budismo.

sábado, 12 de maio de 2012

Wesak e Hanamatsuri são reconhecidos como feriados

0 budas disseram algo
do Poder Legislativo

LEI N 12.623, DE 9 DE MAIO DE 2012



Institui o Dia do Aniversário do Buda Shakyamuni e o inclui no Calendário Oficial de Datas e Eventos Brasileiro.

A PRESIDENTA DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:



Art. 1 Fica instituído o Dia do Aniversário do Buda Shakyamuni a ser comemorado, anualmente, no segundo domingo de maio.



Art. 2 A data comemorativa ora instituída passará a constar do Calendário Oficial de Datas e Eventos Brasileiro.


Art. 3 O Poder Executivo poderá, nos termos da lei, apoiar eventos ligados à comemoração da data ora criada, inclusive autorizando o uso de espaço público, visando à preservação da tradição religiosa e dos valores culturais.


Art. 4 Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.



Brasília, 9 de maio de 2012; 191 da Independência e 124 da República.

DILMA ROSSEFF
Anna Maria Buarque de Hollanda

segunda-feira, 23 de abril de 2012

Casamento Zen

0 budas disseram algo


As núpcias no ritual zen budista, realizados pelo Monge Genshô, tem como marca a emoção. Esta cerimônia se destina a pessoas que não desejam estar filiadas a uma fé, ou cumprir exigências ligadas a um sistema de crenças. Não há qualquer pré-requisito religioso. Apenas o pedido para que as pessoas redijam e façam em público o compromisso que desejam assumir para com seu cônjuge. O oficiante conduz uma cerimônia em que os nubentes se casam, não são casados por ele. Dentro do zen o casamento, marcado pela impermanência da própria vida, não é um sacramento, mas um ritual civil. Porem a beleza da emoção causada por uma participação tão ativa dos noivos e dos agradecimentos as famílias, troca de alianças, incenso perfumando o ar e flores, transforma tudo em uma lembrança inesquecível.

Monge Gensshô